Paulinho Pedra Azul se revela artista plástico e poeta, além de músico
Conhecido por grandes sucessos na música, como "Jardim da fantasia" e "Ave cantadeira", o multiartista mineiro é o entrevistado do EM Minas
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Siga noPouca gente sabe, mas Paulinho Pedra Azul é também artista plástico. Leva a pintura como hobby, mas já coleciona algumas dezenas de obras autorais. Na música, soma mais de 120 parceiros, com cerca de mil músicas inéditas. E, em casa, mantém guardados entre 800 a mil poemas escritos ao longo dos últimos 15 anos.
“Eu era tímido, e a timidez me fazia escrever. Na redação, tirava 10, na gramática, 5, mas a média salvava. Depois, comecei a fazer poesias e lancei uns livrinhos com ajuda da família e amigos. O primeiro foi ‘Pedaço de gente’, com poesias dos 14 aos 16 anos. Depois vieram livros com editoras e literatura infantil. Também fiz um livro chamado ‘Delírio habanero – Pequeno diário em Cuba’”, afirma Paulinho Pedra Azul, o convidado desta semana do “EM Minas”, programa da TV Alterosa em parceria com o Estado de Minas e o Portal Uai.
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Quando você deixou Pedra Azul?
Acho que tinha uns 18, 19 anos. Fui para o Espírito Santo, morei um ano em Vitória e terminei o segundo grau lá. Trabalhei no Jornal Tribuna por seis meses, e também trabalhei na Secretaria de Saúde. Depois, voltei para Pedra Azul, ei no concurso do Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais) e do Banco Real. Trabalhei dois anos no Bemge e fui para São Paulo.
Você abandonou o banco para viver de música?
Abandonei. Chegou pra mim chefia de serviço com salário 20 vezes maior, mas ei para um amigo que ia casar.
Foi em São Paulo que você lançou seu primeiro sucesso?
Lá que lancei o primeiro disco. Já tinha algumas músicas prontas, feitas em Pedra Azul, como “Ave cantadeira”, “Vagando”, “Cortinas de ferro”, “Jardim da fantasia”, conhecida como Bem-te-vi. Cheguei em São Paulo com essas músicas.
Você falou uma coisa que muita gente não sabe: “Bem-te-vi” não chama “Bem-te-vi”, né?
É “Jardim da fantasia”. É “bem que eu vi você andar por um jardim em flor”. Do verbo ver. Foi um sonho que tive em Vitória, onde morava na época. Minha primeira namoradinha e minha primeira separação, com 15, 16 anos. Fiz essa música para ela e as pessoas acharam que eu fiz pro pássaro. Eu tento desmistificar isso, mas as pessoas falam: não, não é para o pássaro mesmo”.
Você lançou um CD duplo com 40 músicas, comemorando 40 anos de carreira. Qual a sua predileta?
Tenho um carinho especial por “Jardim da fantasia”, por abrir portas para mim. É uma música simples, misteriosa, que cada um me ajuda a compor e recompor. Interpretam da forma que entendem. Mas também tem “Ave cantadeira”, que é muito expressiva na minha carreira. Foi com ela que ganhei meu primeiro Festival em Itaobim, em 1980.
Você faz mais shows fora de Minas ou em Minas Gerais? Porque eu acho que os paulistas e cariocas endeusam os cantores mineiros, enquanto aqui em Minas há uma característica de preservar e ser mais acanhado com os talentos locais…
É uma característica dos mineiros: preservar. Preservar não sei o quê. Temos que preservar, mas também ajudar a explodir, sair para outras regiões.
Paulinho, infelizmente está terminando nosso tempo aqui na TV Alterosa.
Ó que isso? a rápido. Nem falamos que eu vou no show com o Saulo Laranjeiras dia 13 de junho no Palácio das Artes. Ele é meu amigo de infância, também nascido lá em Pedra Azul. Foi ele que me forçou a ir para São Paulo.
Você e o Saulo Laranjeira vão se apresentar no Palácio das Artes em 13 de junho. O que vocês estão aprontando para o show?
Uma parte do show, eu sozinho, outra parte, ele sozinho. Nós dois abrimos o show cantando duas músicas do Elomar. E depois cantamos músicas das nossas carreiras.
Você também é artista plástico, com centenas de obras; e poeta, com dezenas de livros publicados. Você é um multiartista?
Todo mundo é multiartista. Acho que as pessoas têm medo ou vergonha de mostrar isso. Eu levo a pintura como hobby.
E a escrita?
Eu era tímido e a timidez me fazia escrever. Na redação tirava 10, na gramática 5, mas a média salvava. Depois comecei a fazer poesias e lancei uns livrinhos com ajuda da família e amigos. O primeiro foi “Pedaço de gente”, com poesias dos 14 aos 16 anos. Depois vieram livros com editoras e literatura infantil – fiz cinco livros infantis, no total 18 livros. Também fiz um livro chamado “Delírio habanero – Pequeno diário em Cuba”.
Você é um cantor que escreve ou um escritor que canta?
Eu acho que eu sou os dois. Na parceria musical, por exemplo, eu sou um letrista. Então continuo escrevendo. São mais de 120 parceiros, mais de mil músicas inéditas. Também tenho entre 800 e mil poesias escritas de uns 15 anos para cá. Estou preparando para publicar ano a ano. Serão uns 15 livros.
Você recebe alguma coisa do Ecad?
Se eu falar que não recebo, estou mentindo, mas é pouco. Com 400 músicas gravadas, 43 anos de carreira, ganho um salário mínimo por mês. A arrecadação é eficiente, mas a distribuição é cheia de problemas.