
Filha de Zuzu Angel é cidadã honorária de Minas Gerais
Hildegard Angel foi homenageada em solenidade na Assembléia Legislativa
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Foi rápida, mas nem por isso a Reunião Especial na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que homenageou a jornalista Hildegard Angel, deixou de emocionar a filha de Zuzu Angel, e o público que foi prestigiá-la. Por proposta do deputado Lucas Lasmar (Rede), Hilde, apelido carinhoso, recebeu o título de cidadã honorária de Minas Gerais, em cerimônia na quinta-feira (5/ 6) . A coluna é fã da homenageada desde sempre. No colunismo social, ela é um dos nomes mais importantes. Suas colunas, publicadas em O Globo e no Jornal do Brasil, eram leituras obrigatórias pelo estilo e pelas notas que revelavam o faro de grande jornalista que é. Mas Hilde é muito mais que uma mulher que mostrou ser profissional talentosa. Talvez a melhor definição da sua importância vem do próprio deputado, Lucas Lasmar, que a considera "guardiã de uma história que o Brasil não pode esquecer".
• FLORES DE CROCHÊ
A cerimônia foi marcada pela delicadeza do buquê de flores de crochê oferecido à homenageada pela ex-deputada Maria Elvira, que também ofereceu lenços de papel. "Vou usá-los com muita emoção. Mulher entende de mulher", disse. Hildegard fez uma revelação que surpreendeu Angelo Oswaldo ao lembrar que conheceu o prefeito de Ouro Preto ainda adolescente, lá pelos seus 18 anos, quando foi pela primeira vez ao Festival de Inverno de Ouro Preto. "Ali nasceu nossa amizade e grande respeito por ele". Na Assembleia, a mais nova cidadã honorária disse que ali nasceu de novo. "Lucas Lasmar, você é também o parteiro da Hildegard mineira". Recebida pela vice-presidência da ALMG, Hildegard não escondeu seu otimismo. "Deputada Leninha, a primeira vice-presidente negra, que venham muitas outras. É só o início". Nilmário Miranda, que estava na mesa principal, a homenageada referiu-se a ele como "um grande parceiro na luta pela memória brasileira", e à reitora da UEMG, Lavínia Rosa Rodrigues, Hilde elogiou por terem ideia comum sobre a formação e a memória dos brasileiros.
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• FILIAL DE MINAS
Em seu discurso, feito de improviso, a filha de Zuzu Angel confessou que, desde sempre, se sentiu mais mineira do que carioca. "Minha família toda é mineira. Tias, avós, primos. Estou aqui com minha prima, Frida Viana de Paula Martins. Não poderia ser diferente", falou. Zuzu Angel, mãe da homenageada, uma das maiores personalidades da moda do país, é de Curvelo, Minas Gerais. Ela contou ainda que a casa dos pais, na Cidade Maravilhosa, era ponto de encontro de mineiros "que mudaram de mala e cuia para o Rio", no que ele considera "grande migração de mineiros entusiasmados para o Rio de Janeiro".
• ZUZU
Sobre a mãe, Hildegard lembrou como sua história na moda começou. "Mamãe era uma das pioneiras sociais de dona Sarah Kubitschek (mulher de JK). Eram mulheres voluntárias que costuravam roupas para estudantes", recordou. Mas como poucas sabiam costurar, as integrantes do grupo pediam a Zuzu que costurasse para elas. Foi aí que ela contratou uma costureira para atender aos pedidos. "Assim começou o atelier de costura dela". Em pouco tempo, o talento de Zuzu chamou atenção não só da alta sociedade carioca, como também das estrelas de Hollywood. Desta fase, Hildegard citou o dia em que Yvone de Carlo, uma das atrizes do filme “Os dez mandamentos” (Cecil B. DeMille, 1956), pediu à mãe que tirasse a filha de onde estava experimentando vestidos. "Ela não vai sair, a casa é dela", teria respondido Zuzu. "A coragem não se manifesta nos grandes atos, se manifesta também nas minúcias de ter destemor, superar a timidez, até nos seus bons modos para se mostrar pessoa assertiva".
• MÃE ASSASSINADA
Zuzu morreu em abril de 1976. O carro que dirigia caiu da estrada da Gávea, na saída do túnel Dois Irmãos, no Rio de Janeiro. "Quando ela foi assassinada, foi dificil acreditar que tiveram coragem de matar uma mãe de família, uma pessoa que não era violenta, só porque ela denunciava a morte de seu filho e de outros brasileiros". Stuart foi uma das vítimas da ditadura militar. Ele foi morto sob tortura, em 1971, e seu corpo nunca foi encontrado.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.