Lançamento musical

Di Souza lança "Boletim vermelho", seu terceiro disco

Com 12 faixas que transitam pelo reggae, rock, rap, pop rock, música regional, piseiro e carimbó, novo álbum do artista será lançado hoje no Sesiminas

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Não se trata de boicotar a educação. Nada disso. “Boletim vermelho”, terceiro disco de Di Souza que já está disponível nas plataformas, vai muito além. Suas canções partem da crítica ao sistema educacional falido para levantar questões mais profundas, como a competição imposta desde cedo – “o lance é ser o melhor... e assim todo mundo cresce aprendendo o gosto por competir”, conforme canta em “O pior aluno da escola”.


“É uma tentativa de chamar atenção para o fato de que a experiência de vida das pessoas, principalmente aquelas que não têm condição de estudar ou que estão imersas numa outra dinâmica que as impede de ar os espaços formais, é também um grande estudo”, afirma o músico, que também é regente do "Então, Brilha!" e fundador da escola de música Percussão Circular.


Se Di Souza quis chamar atenção, ele conseguiu. “Boletim vermelho” sucede “Não devo nada pra ninguém” (2015) e o pandêmico “Bloco da saudade” (2021), mantendo o flerte com ritmos regionais, mas agora com mais experimentação rítmica e ousadia na produção. Em 12 faixas, o disco transita pelo reggae, rock, rap, pop rock, música regional, piseiro e carimbó. Também insere, com sutileza, frases de memes e expressões típicas de Belo Horizonte ao fundo das gravações, dando tom irônico ao projeto.


Tudo isso poderá ser conferido ao vivo neste domingo (8/6), no show de lançamento do disco que Di Souza faz no Centro Cultural Sesiminas. Os últimos ingressos estão à venda no site do Sympla.

ÁLBUM COMPLETO

Ao mesmo tempo que dialoga com a linguagem popular, Di Souza trabalha as harmonias e as letras com maestria, o que torna “Boletim vermelho” um álbum completo, daqueles que não se ouvem todo dia.


Muitas faixas conseguem arrancar um sorriso de quem escuta, enquanto propõem reflexões contundentes. Caso de “Fuá na casa de Cabral”, que apresenta outro lado de Pedro Álvares Cabral: um cara cheio de marra, que promove um fuzuê no Brasil com indígenas e africanos; chama o padre para rezar missa, “jurando pelo alcorão que era crente verdadeiro”. Mas “quando ou a cachaça, Seu Cabral sentou na praça... ‘Juro que me arrependi / O Brasil que eu descobri / Queria cobrir de novo’”.


No piseiro “Seu cachorro tá na rua”, Di Souza se vale do forró eletrônico, brega e arrocha – elementos típicos do gênero – para falar de sofrência. Compara-se a um cachorro abandonado, desprezado pela pessoa amada. Mas, em vez da letra simples e de fácil assimilação típica do estilo, a canção aposta em rimas e metáforas interessantes, como: “Eu já vadiei essa cidade inteira / só pra ver se te encontrava de bobeira no rolê / Arranjei um abadá de capoeira / que esse jogo é só rasteira e coração só quer te ver”.

“Esse é um disco que chega muito amadurecido, no meu mais alto nível de trabalho conquistado até hoje”, destaca Di Souza. “Em 2018, comecei a preparar meu segundo álbum. Fui começar a gravar no fim de 2019. E, em março de 2020, veio a pandemia, que interrompeu os projetos de todo mundo. No período em que fiquei em casa, compus um novo disco, que foi o ‘Bloco da saudade’ e deixei o que se tornaria ‘Boletim vermelho’ para mais tarde”, explica.


O distanciamento temporal foi positivo, considerando que “o resultado musical, sonoro e estético como um todo chegou a um nível muito bonito que não chegaria se fosse um disco de estúdio feito em um ano”, conforme acredita o músico.


PREPOTÊNCIA ACADÊMICA

O intervalo de tempo também deu a Di Souza o insight para o fio condutor de “Boletim vermelho”: a crítica à prepotência acadêmica. “Quando cheguei na UFMG para fazer licenciatura em música, fiquei profundamente incomodado com a postura arrogante que a academia e as pessoas de lá tinham com o saber popular. E eu, como uma pessoa que vem dessa mistura da roça com a favela, sempre valorizei o saber popular”, lembra ele.


Di Souza nasceu em Piedade de Ponte Nova, município da Zona da Mata mineira, com cerca de quatro mil habitantes. Foi lá que conheceu a música regional, que influenciou as faixas “Coração bobo saltita” e “Erro 404”. Mudou-se para Belo Horizonte no início dos anos 2000 e foi morar na periferia, de onde incorporou o flow de “Paranauê da vida”. Também foi na favela que ou a fazer parte de projetos sociais e participou da cena do carnaval de rua da cidade.


“Demorei muito para me assumir como compositor”, diz. “Até há pouco tempo, havia um entendimento equivocado de que música boa era apenas Clube da Esquina. E eu não queria fazer músicas iguais às do Clube da Esquina, porque não era o meu perfil. Por isso, custei a encontrar meus parceiros, gente que toe fazer um funk caipira e escrever coisas sobre o universo escolar, coisas que são engraçadas”.


Essa dificuldade ficou para trás. “Boletim vermelho” traz parcerias e participações de Nêgo Bispo, Samuel Rosa, Marcelo Dai, Renegado, Vitória Pires, Hugo da Silva e Sérgio Pererê. No show deste domingo, os quatro últimos participam como convidados.


FAIXA A FAIXA

. Atualiza o dicionário (part. Nêgo Bispo)

. Racionar energia

. O pior aluno da escola

. Paranauê da vida (part. Renegado)

. Eu nasci pra ser tonal

. Coração bobo saltita (part. Vitória Pires)

. Pipoca e sanduíche (part. Samuel Rosa)

. Seu cachorro tá na rua

. Erro 404 (Amigo não encontrado) (part. Hugo da Silva)

. Fuá na casa de Cabral (part. Sérgio Pererê)

. Alcova libertina

. 4ª série B (part. Marcelo Dai)

“SHOW DE DI SOUZA”
Neste domingo (8/6), às 19h, no Centro Cultural Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Últimos ingressos à venda por R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) na bilheteria ou pelo site do Sympla.

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