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Estado de Minas GUERRA NA EUROPA

Carne fica retida em portos e Brasil busca clientes novos 2e356y

Frigorífico de Minas tenta solução para cargas que não conseguem o à Ucrânia, ao mesmo tempo em que empresas avaliam oportunidade de ocupar mercado russo


06/03/2022 04:00 - atualizado 05/03/2022 20:34

Frigorífico Saudali
A Saudali exporta carne suína principalmente para o Vietnã, Cingapura, África do Sul, Hong Kong e Uruguai (foto: Saudali/divulgação)
As exportações de carne do Brasil e de Minas Gerais começam a sentir os efeitos da guerra na Ucrânia, ao mesmo tempo em que os frigoríficos avaliam a perspectiva de ocupar mercados atendidos pelos fornecedores russo e ucraniano. Ao menos duas cargas de proteína suína da mineira Saudali tiveram interrompido o seu curso em direção à nação arrasada pelas forças da Rússia.

Um carregamento nem chegou a deixar o Porto de Santos (SP) e o outro foi retido pela empresa no estreito de Gibraltar, canal marítimo situado entre o Sul da Espanha e o Norte de Marrocos.

Representantes do frigorífico se reuniram, na quinta-feira, com membros da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para discutir uma solução, informou ao Estado de Minas o supervisor de comércio exterior da Saudali e especialista em comércio exterior e relações internacionais, Leandro Castro.

“Estamos sendo amparados por eles e tomando as decisões baseados em informações que nos am. Além disso, estamos em contato com nosso cliente, aguardando as instruções deles para o melhor desfecho, para decidir juntos o que deve ser feito.”

A companhia exporta carne suína principalmente para o Vietnã, Cingapura, África do Sul, Hong Kong e Uruguai. As duas cargas com destino à Ucrânia teriam o ao país por terminal marítimo russo.

“A guerra atrapalhou duas cargas. Elas entrariam pelo porto da Rússia e, por meio de transporte rodoviário, chegariam na Ucrânia. Uma delas nós conseguimos barrar no porto de origem, em Santos (SP). A outra, mandamos instruções para que ela ficasse retida no porto de transbordo, no Estreito de Gibraltar”, explicou o executivo.

O confronto no Leste europeu frustra as expectativas de aumento das vendas de carne suína brasileira à Rússia, segundo Alvimar Jalles, consultor de mercado da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg).

“Havia uma perspectiva de aumento de vendas para a Rússia, já que aquele país tinha aberto uma cota de compra de carne suína de 100 mil toneladas, sem impostos. Isso era bom para o Brasil, mas com o conflito, simplesmente evaporou. A China, que é o maior comprador, vinha diminuindo a importação. Tínhamos a expectativa de que a Rússia ocue parte do lugar da China.”

No ano ado, as vendas mineiras de carnes ao exterior somaram 351 mil toneladas, de acordo com balanço da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Com embarques para mais de uma centena de países, o estado apurou US$ 1,2 bilhão e registrou aumento em todos os segmentos.

O resultado, puxado pelas compras da China, contribuiu com 11,2% das exportações totais do agronegócio mineiro, de US$ 10,5 bilhões no período.

OPORTUNIDADES 5g1i21

O presidente da Pif Paf Alimentos, Rodrigo Coelho, observa que a guerra pode trazer dificuldades para as empresas operacionalizarem embarques, mas abre oportunidades de negócio. A empresa exporta frango e suínos para cerca de 30 países da Ásia, sobretudo, e para África, Américas do Sul, Norte e Central, bem como Oriente Médio. Os parceiros mais relevantes são China, Hong Kong, Cingapura, Japão, África do Sul e México.

Segundo o executivo, a elevada competitividade do frango brasileiro traz vantagem comparativa relevante. “Podemos ocupar o espaço deixado pela Ucrânia nesses mercados, bem como em outros, que venham a aumentar suas importações neste cenário de instabilidade e para garantir a segurança alimentar de suas populações”, observa. 

Seja por falta de navios, seja por fechamento de portos e possível impacto direto na produção local, a interrupção do fornecimento abre caminho para outros países atuarem. Contudo, podem surgir embaraços nas rotas de escoamento. “Alimentos são produtos básicos, e talvez fiquem fora de sanções. Acredito que os efeitos do conflito nas exportações brasileiras podem ser positivos – com aumento da demanda e também de elevação de preços – e já começamos a ver este movimento, com incremento de preços em várias regiões, desde o início do conflito.”

Leandro Castro acredita que os fornecedores do Brasil poderão também disputar o mercado da carne suína russa no Vietnã e em Cingapura, dois parceiros atendidos pela empresa. “Com essas sanções impostas pelo resto do mundo, a Rússia não vai ter como enviar os produtos. Em breve, esses países vão procurar outros fornecedores.”

FORÇA EXPORTADORA 393o5n

Destaque das vendas externas mineiras de carnes em 2021

– 177 mil toneladas de cortes bovinos (US$ 875 milhões)
– 145 mil toneladas de frango (US$ 239 milhões)
– 22 mil toneladas de carne suína (US$ 46 milhões)
– 2 mil toneladas de ovos (US$ 2,5 milhões)

Fonte: Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento


Pressão cresce sobre os preços de commodities 612i

No mercado brasileiro, Leandro Castro, da Saudali, vê especulações, no momento, sobre a intensidade dos efeitos da disparada dos preços das commodities agrícolas, como trigo, milho e soja, sobre a produção do agronegócio e os preços das carnes no varejo.

“Em termos de grãos – a principal base da nutrição dos animais – milho, soja, trigo. Parte disso vinha da Ucrânia. Pode ser que aumentem o preço, porém nossos estoques ainda estão regulados. Daqui a pouco vem a safra de inverno, que está com previsão excelente. Mas o mercado futuro vive muito de especulação e, em período desse de incerteza, a tendência é de aumento de preços.”

Rodrigo Coelho, presidente da Pif Paf, diz que a tendência é que os preços de grãos fiquem relativamente estáveis em patamares elevados nos próximos meses. 

Na tentativa de minimizar os efeitos da redução das exportações de grãos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia, o presidente da Pif Paf observa que grandes produtores e o governo estão buscando alternativa em outros países para substituir o fornecimento. Para Rodrigo Coelho, se a guerra se estender, pode haver impacto adicional nas próximas safras.

O consultor da Asemg, Alvimar Jalles, lembra que Rússia e Ucrânia são responsáveis por 20% da exportação de milho. “Isso coloca mais pressão no mercado, que já está pressionado.”

* Estagiária sob supervisão da subeditora Marta Vieira

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