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'Ideologia de gênero'? Sexualidade e temas associados abrem batalha no ensino de BH 75e6r

Após pressão da bancada cristã da Câmara, diretrizes do ensino público de BH terão de ar por reavaliação, por incluir temas ligados a questões de gênero e orientação sexual 706k5v


postado em 14/10/2019 06:00 / atualizado em 14/10/2019 08:10

Estudantes em sala de aula: resolução que norteia a organização da rede pública foi revogada, com pedido de reanálise quanto ao ensino de temas ligados à questão sexual(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Estudantes em sala de aula: resolução que norteia a organização da rede pública foi revogada, com pedido de reanálise quanto ao ensino de temas ligados à questão sexual (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

 

Quatro palavras de robusto parágrafo em um dos 71 artigos da resolução que norteia a organização da rede pública de ensino de Belo Horizonte deram origem a um cabo de guerra que opõe, de um lado, o Conselho Municipal de Educação e, de outro, a bancada cristã da Câmara de Vereadores da capital. O documento terá de voltar à mesa dos conselheiros, com pedido expresso de reanálise da parte que inclui nas diretrizes curriculares temas ligados a sexualidade, gênero e orientação sexual, responsáveis pelo levante de parlamentares e que levou à revogação do documento. O assunto flerta desde 2015 com a pauta escolar, mas a pressão de um setor do Legislativo que alega tentativa de “doutrinação” nas escolas tem feito a Prefeitura de BH recuar nesse período e retirar do texto final os termos considerados controversos.


A Resolução 02/2019, publicada no Diário Oficial do Município (DOM) em 30 de agosto, é um documento extenso que prevê toda a organização e o funcionamento do 1º ao 9º ano do sistema municipal de ensino na capital. Foi concebida pelo Conselho Municipal de Educação e homologada pela Secretaria Municipal de Educação (Smed).

Em seu artigo 19, o texto prevê que “além da base nacional comum e da parte diversificada, devem ser incluídos, permeando todo o currículo, de forma interdisciplinar, temas transversais relativos a saúde; sexualidade, gênero e orientação sexual; moradia; vida familiar e social; direitos das crianças e dos adolescentes; inclusão da pessoa com deficiência; mobilidade urbana; pessoas em situação de rua; direitos dos idosos; preservação do meio ambiente; educação em direitos humanos; ética; justiça social; educação para o consumo; trabalho; ciência e tecnologia; diversidade cultural; alimentação saudável; bem como a pessoas, povos e comunidades historicamente excluídos”.

No fim do mês ado, foi publicada no DOM a revogação da resolução pela Smed e o pedido ao Conselho de reexame do artigo 19 e também do 18. Este trata dos componentes curriculares obrigatórios do ensino fundamental, que integram as áreas de conhecimento – português, matemática, ciências da natureza, história, geografia e outras disciplinas obrigatórias. Por meio de nota, a Smed informou que a alteração tem caráter técnico, uma vez que outros dois artigos (16 e 17) já salientam as referências da política curricular nacional – no entanto, sem qualquer menção a questões de gênero ou diversidade. A secretaria disse ainda que “a retirada dos artigos 18 e 19 não interfere na proposta curricular das escolas nem nos respectivos projetos pedagógicos”.

"Quando se chega a doutrina de gênero, diversidade e orientação sexual, é direito dos pais que os filhos recebam educação religiosa e moral de acordo com suas convicções" 4m1j1f

Fernando Borja, vereador do Avante j1i1y



Integrante da bancada cristã, o vereador Fernando Borja (Avante), diz que o recuo ocorreu depois de reunião dos parlamentares com a secretária Municipal de Educação, Ângela Dalben. “O currículo fala de sexualidade na biologia. Temos dois gêneros: masculino e feminino. Temos estudos sobre doenças sexualmente transmissíveis e reprodução humana. Isso em momento algum é problemático. Mas, quando se chega a doutrina de gênero, diversidade e orientação sexual, é direito dos pais que os filhos recebam educação religiosa e moral de acordo com suas convicções”, defende Borja.

O cabo de guerra já dura pelo menos quatro anos. Depois de debates acirrados no ano anterior, o Plano Municipal de Educação entrou em vigor em 2016 sem fazer referência ao termo “gênero”, mas apenas à “diversidade”, entendida pela Secretaria de Educação de BH, na época, como respeito às diferenças e combate a qualquer tipo de preconceito. Em 2017, novo capítulo acirrou os ânimos. Em setembro daquele ano, caiu por terra a criação de gerência e diretoria que atuariam na orientação sobre diversidade sexual e gênero. Decreto do Executivo mudou o nome da diretoria e retirou a menção ao termo “gênero”.

Fernando Borja acusa o Conselho de manobra para tentar incluir o tema na pauta “sem respeitar o direito de pais e da população de BH que não concorda”. “Queremos preservar o direito de todas as pessoas. Não somos contra a sexualidade de nenhum adulto, não temos preconceito contra ninguém, mas os pais têm direito sobre a educação dos filhos”, diz.

Questionada sobre o pedido de reexame do artigo 19, a assessoria da Secretaria de Educação reiterou que se trata de decisão por caráter técnico, uma vez que outros pontos da resolução contemplam o disposto nessa parte. Sobre a questão da retirada dos termos ligados a “gênero”, não houve resposta. Procurado, o Conselho Municipal de Educação informou que a nova gestão, que tomou posse no início do mês, vai se debruçar sobre a questão, mas, como os novos conselheiros ainda estão em fase de formação, não havia ninguém capaz de falar sobre o assunto.

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A vereadora Cida Falabella (PSOL), conselheira municipal de Educação da última gestão (por indicação da Câmara) e vice-presidente na Casa da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, espera que os termos do artigo 19 sejam debatidos pelos novos conselheiros e mantidos no texto. “Nós, junto dos vereadores do campo progressista, temos combatido o (movimento) 'Escola sem partido' em todas as suas variações sobre o mesmo tema. Há uma tentativa de criminalização dos professores, das atividades da escola e desrespeito a várias instâncias que constroem norteadores e currículos da educação, como essa resolução”, diz.

"Escola é o espaço onde o aluno pode aprender sobre seu corpo e sexualidade, num ambiente afetivo e seguro, porque, muitas vezes, o abuso, por exemplo, ocorre dentro de casa" 3c4138

Cida Falabella, vereadora do PSOL 3m4d9



“Está nas mãos do governo manter esse debate”, afirma, lembrando que a Resolução 02/2019 trata do funcionamento das escolas em diversos aspectos, do horário de entrada e saída dos alunos até os temas transversais que serão abordados. “O artigo 19 vai muito além de gênero e diversidade e aborda temas diversos, inclusive temas que são de interesse deles (da ala conservadora). A resolução foi definida e delimitada dentro de um espaço democrático que é o conselho. Espero que os novos conselheiros reafirmem esses valores como direito de jovens e crianças”, ressalta. “Escola é espaço onde o aluno pode aprender sobre seu corpo e sexualidade, num ambiente afetivo e seguro, porque, muitas vezes, o abuso, por exemplo, ocorre dentro de casa.”

Na opinião de Cida, a exclusão dos termos significa tirar do sistema de ensino “a educação para a liberdade, para a democracia e para a diversidade”. Apesar do recuo da Smed, a vereadora acredita numa reação. “BH tem dado mostras de reagir à censura. Temos que cobrar essa coerência da prefeitura. Isso não é pauta de eleições. O que está em jogo é a vida de crianças e jovens.”

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