
No programa BBB 21, Camila de Lucas, negra, se emocionou ao falar sobre racismo na casa mais vigiada do país, ressaltando que não aguenta mais essa situação e que está cansada de ter que explicar continuamente como as pessoas devem agir. “As pessoas falam ‘ah é mimimi’ estão cansadas de ouvir isso? Eu estou cansada de ter que falar também. Se é cansativo para vocês ouvirem, eu estou cansada de viver. Eu estou cansada de ficar explicando isso prá todo mundo”, confidenciou a influenciadora digital e vice-campeã da última edição do reality show.
Curiosamente ouvi pela primeira vez o nome do médico “influenciador” gaúcho, Victor Sorrentino, justamente com a notícia de que ele foi detido no Egito no último 30 de maio, por assediar uma mulher egípcia mulçumana como se fosse piada e ainda publicar em rede social.
Não é só uma piada, isso alimenta a misoginia e reforça o assédio e as outras violências sexuais que homens cometem.
Recentemente escutei o seguinte diálogo sobre sexo entre um pai e seu filho de aproximadamente 11 anos:
- Pai: Filho, você não é mais uma criança, então quando se chega a uma certa idade os garotos e as garotas começam a se interessar uns pelos outros.
- Filho: Sim, também se interessam pelas pessoas não binárias, pelos transexuais, pelos intersexuais... Além disso pai, não são garotas, são mulheres.
- Pai: O sexo é uma decisão muito importante.
- Filho: Como você define sexo? Há sexo diferente para cada um.
- Pai: Sexo é quando um pênis penetra na vagina.
- Filho: E se fossem dois homens, duas mulheres ou muitas pessoas simultâneas?
- Pai: Eu me refiro a uma relação normal, hétero.
- Filho: Normal????
- Pai: Você gosta de mulheres?
- Filho: Sim, sou jovem.
- Pai: Você já transou com alguma amiga numa festa?
- Filho: Como assim, sem consentimento?
O pai termina o diálogo e concorda, mas antes de partir o garoto pergunta ao pai:
- Filho: Pai, como estou?
- Pai: Muito bonito.
- Filho: Não é isso, quero saber sobre a minha codificação de gênero.
Penso que existe uma diferença nítida de comportamento da geração 50+ sobre racismo e discriminação em relação aos jovens de hoje. Tenho certeza de que muitos não fazem isso com a intenção de macular a questão da mulher, do negro, do judeu, do homossexual, do idoso com manifestações de ódio, mas são brincadeiras totalmente inapropriadas e sem sentido. Se o comentário for ofensivo para alguém, se pode reforçar a perpetuação do racismo ou discriminação, tente se divertir de outra forma. Essa piada não fará falta e cairá no esquecimento assim como foi esquecida a polêmica do direito de a mulher votar no início do século XX.
Todo mundo hoje tem o ao Google para se informar, não há mais desculpas de que não foi na maldade e de que não tenha sido de propósito a discriminação. Basta de piadas, comentários e comportamentos racistas.