
Falava outro dia sobre imóveis já prontos nas áreas centrais de Belo Horizonte, que podem ser adquiridos por valores semelhantes aos do programa Minha Casa Minha Vida.
Falava, sobretudo, do drama que é morar a 2 horas ou mais do local onde os empregos, o lazer, a cultura e a inovação estão acontecendo, e o quanto isso é, para além de excludente, determinante no futuro dessas pessoas.
Explicava, então, o quanto a densidade, o coeficiente de construção e a legislação urbana tem a ver com isso. O quanto decisões políticas (e não técnicas) podem afetar o futuro e a oportunidade de gerações, e por gerações.
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Pensar que decisões políticas determinem a qualidade de vida, a dignidade e o alcance que toda uma população terá a empregos e oportunidades chega a chocar, não" para a rua (ou avenida). São, normalmente, 12 apartamentos pagando IPTU à Prefeitura, por um trecho de apenas 12 metros de infraestrutura urbana servindo ao predinho. Se for uma rua, o trecho representará uns 150 m2 em ruas, eios e tubulações, para 2 predinhos (um em cada lado da rua). Se voltado para uma avenida, o dobro de metragem, talvez.
O novo empreendimento em construção nesta quadra triangular tem nada menos do que 201 metros de alinhamento com as ruas, num total de 2.800 m2 de infra estrutura a compartilhar com seus vizinhos.
Nem precisa de um resumo para se dar conta que a infraestrutura, em toda a cidade, custa cada vez mais, mas serve, cada dia, a muito menos habitantes.
A densidade é, portanto, uma questão de aproveitamento da infraestrutura e dos recursos públicos investidos e arrecadados todos os meses. A densidade é, portanto, o fator mais importante para democratização da infraestrutura e dos recursos públicos para o cidadão.
Para além de debates inflamados, a lógica: o ato de viabilizar adensamento e moradias próximas ao Centro reduz os investimentos necessários em transporte público metropolitano, em espalhamento de escolas, hospitais, áreas de lazer e equipamentos culturais.
A discussão sobre o adensamento não pode permanecer restrita aos debates sobre ventilação natural, insolação e o gosto de cada um, mas compreendida como um fator inexorável no desenvolvimento necessário e dinamismo desejável das metrópoles.
Ignorar é, ao mesmo tempo, condenar os menos afortunados à exclusão social e econômica, e condenar a cidade à perda de atratividade, competitividade e produtividade. #FicaADica