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ROTA DE SABORES

Vai um 'cafezim' premiado do Cerrado mineiro?

Nova rota turística de Minas, primeira de Denominação de Origem de café do Brasil, inclui eios por fazendas, provas em taças e grãos de altíssima qualidade

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Patrocínio (MG) - Práticas inovadoras, produção de café carbono neutro, cafeicultura regenerativa (menos pesticidas) e resiliência. A região do Cerrado Mineiro virou um case de sustentabilidade na cafeicultura brasileira. O cenário perfeito para um dos cafés mais conceituados do Brasil: bebida encorpada de sabor adocicado com notas de chocolate e caramelo e de aroma intenso, com acidez cítrica de longa duração. E é neste cenário montanhoso, serpenteando as alterosas, que centenas de agricultores da região do Cerrado Mineiro criaram a Rota Turística do Café do Cerrado Mineiro, baseada no município de Patrocínio, considerado o maior produtor de café do país.  

Tamanha particularidade vem chamando não só atenção dos especialistas no assunto, mas também dos turistas cada vez mais interessados em programas assim. A experiência inclui quatro fazendas (Nunes Coffee, Agro Beloni, Montanari e Alado Coffee) para conhecer as plantações e os processos de cultivo de grãos, além de experimentar a cozinha local e o tradicional café Cerrado Mineiro. 

Na Fazenda Alado, a 1.055 metros de altitude, tour oferece degustação de um café de altíssima qualidade

Na Fazenda Alado, a 1.055 metros de altitude, tour oferece degustação de um café de altíssima qualidade

Bruno Calixto/Esp.EM

“O Cerrado Mineiro é mais que uma região, é um berço de tradição e excelência na produção de cafés especiais”, garante Martina Barth d’Avila, criadora e organizadora do Rio Coffee Nation. “Com seu clima privilegiado, altitudes perfeitas e grãos excepcionais, o café do Cerrado Mineiro oferece uma experiência sensorial única para os amantes da bebida. Cada xícara é uma verdadeira joia com nuances aromáticas e sabores com notas de caramelo, chocolate, nozes e acidez cítrica e que encantam.”

Café fermentado e vulcãozinho, atenção para estes nomes. Uma das paradas da rota é a Fazenda Alado, a 1.055 metros de altitude, que oferece um café de altíssima qualidade e uma história de família que faz daquele terroir mais do que especial. A propriedade de 22 hectares (oito de café) foi aberta para visitação em 2022, seis anos depois da morte do patriarca da família Batista, o pai de Alan, que aos 16 anos assumiu o negócio  que hoje rende 300 sacas por ano. 

A produção anual de café no Cerrado Mineiro é de seis milhões de sacas (cada uma com 60 kg), sendo 70% para exportação. Em 2023, este número chegou a 7,5 milhões de sacas. Mais de 30 países, nos cinco continentes, conhecem o café do Cerrado Mineiro, primeira Denominação de Origem de café do Brasil (hoje são 12). O Leste europeu e o Oriente Médio  são dois mercados em ascensão. 

Alan Batista é um faz tudo no mundo do café. Joga nas onze dentro e fora da sua fazenda Alado, tocada junto com a mãe e a noiva. Ele torra, prova e ainda prepara o café para servir aos turistas na taça, como no universo dos vinhos. O jovem cafeicultor do Cerrado Mineiro trocou a faculdade de Educação Física pelo cafezal, onde cultiva grãos especiais (acima de 85 pontos, das variedades Catuaí, Paraíso e, umas das mais raras no Brasil, Geisha, originária da Etiópia. O resultado? Uma bebida aromática, floral e de acidez equilibrada. “A demanda tem crescido nos últimos anos.” 

Para secar o café, Alan precisou adotar um método para substituir o “terreiro” - como é feito nas propriedades de grande porte. O “vulcãozinho” foi adotado para assegurar as notas sensoriais do grão. Uma outra marca do café do Alan é o grão fermentado, “que consiste na degradação natural do fruto realizada por microrganismos, no qual são produzidos compostos que podem interferir no sabor e aroma da bebida”. 


A diversidade de cafés no Brasil

Com clima privilegiado, altitudes perfeitas e grãos excepcionais, região mineira produz iguaria que conquista paladares e se destaca no mercado internacional

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Café do Cerrado Mineiro

A maior parte do café produzido no Brasil é da espécie Arábica, que predomina no Cerrado Mineiro, onde reinam as variedades Catuaí e Paraíso. Maior produtor e exportador do mundo, o Brasil tem 35 regiões produtoras de café, olha quanta diversidade! No Caso do Cerrado Mineiro, são 55 municípios e a cidade de Patrocínio é a maior produtora de café do país.

“Tem ano que a planta produz pouco, a natureza imperando. Café é uma cultura perene”, diz Lê Beloni, que conduz os turistas da nova Rota do Café do Cerrado Mineiro por uma das maiores fazendas de Patrocínio, a Agro Beloni. São 15 anos produzindo café; 400 funcionários; quatro certificações, sendo uma delas a de 1º café regenerativo do Brasil, produzido a 900 metros de altitude. Entenda por isso, menos pesticidas e mais bioinsumos e fertilizantes organominerais, além do cuidado com o solo. Num setor da fazenda chamado On Farm, a família Beloni produz fungos e bactérias para combater as pragas. 

Lotes excepcionais e microlotes exclusivos, tecnologia de ponta para pós-colheita e estudos em fermentação controlada. Essa é a cena nesta grande fazenda, que produz ainda, em larga escala, batata (asterix e monalisa) e cebola. Critérios de uma referência global na agricultura moderna e contribuindo ao mesmo tempo para a posição e imagem da Região do Cerrado Mineiro, um café cada vez mais desejado.

Certificações atestam o compromisso da Agro Beloni com a sustentabilidade, refletido em práticas agrícolas que promovem equilíbrio ambiental, como corredores de biodiversidade, uso de fertilizantes orgânicos e meliponários. Um outro diferencial ali são as caixinhas de abelhas Jataí (sem ferrão) espalhadas pelo cafezal, para produção de um mel láctico (com notas de queijo parmesão). Cena boa para foto.

A despeito dos investimentos, o preço do café mineiro disparou esse ano. Segundo a Expocacer, é 28% superior comparado ao mesmo período do ano ado, com a saca sendo vendida a R$ 1.320.

“O mercado é muito imprevisível e depende de fatores climáticos, volume produzido e por se tratar de um produto vinculado à bolsa de valores, depende também de fatores externos como a variação do dólar”, diz Juliano Tarabal, diretor-executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro.

Serviço

Outras informações da Rota do Café do Cerrado Mineiro no Instagram @expocacer (a partir de R$ 250, incluindo provas de cafés com lanche). A Rota tem apoio da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, da Associação Comercial e Industrial de Patrocínio (Acip), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e da Secretaria de Cultura e Turismo de Patrocínio.

Onde ficar: Guines Palace Hotel (34) 99816-3311.

*Jornalista Bruno Calixto viajou a convite de Governo de Minas, Codemge e UniBH.

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