Equilíbrio, força, resistência e coordenação: Kickboxing não é só pancada
Além da modalidade em si, esporte que exige dedicação é porta aberta para novas amizades
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Siga noUm dos treinos mais abrangentes quando o assunto é atividade física, o kickboxing combina exercícios de fortalecimento corporal e resistência cardiovascular, que atuam para aprimorar o equilíbrio, a coordenação e os reflexos. Entre diversas características, a prática tonifica a região das costas, estabiliza os músculos do ombro e exercita partes das pernas que seriam até mesmo pouco percebidas. Também desafia o praticante mental e fisicamente, fortalece o corpo contra lesões e mantém quem faz alerta.
Não é preciso necessariamente socar algo (ou arriscar ser socado) para colher os muitos benefícios da atividade, embora golpear um saco pesado certamente ajuda a liberar o estresse acumulado. Mesmo sem o a uma academia específica para a prática, o interessado pode incorporar o treino de kickboxing na rotina de exercícios. O equipamento necessário é mínimo.
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Esse é um dos esportes mais difíceis - exige alto nível de agilidade, velocidade, força, resistência e habilidade técnica. O treino tradicional foi desenvolvido ao longo de séculos para preparar lutadores para as demandas de um embate, mas o kickboxing também pode ajudar aqueles que não são kickboxers a melhorar diversos aspectos que influenciam na promoção da saúde.
A oferta de aulas tem crescido, seja em academias de ginástica ou em ambientes exclusivos para a atividade, que agrega pessoas de todos os perfis. Uma aula tradicional geralmente começa com corda e treino de sombra, seguidos de exercícios que usam o saco pesado, o saco de dupla extremidade e a bola de velocidade. A conclusão geralmente se dá com exercícios corporais.
Para quem preferir fazer o exercício em casa, são muitos os recursos que podem orientar o treino, incluindo aulas digitais. Uma corda para pular e uma esteira são bons investimentos iniciais aos quais se pode adicionar um saco de pancada mais tarde, se a pessoa descobrir que realmente gosta de kickboxing. A primeira vez na prática pode ser cansativa. Mas, respeitando o próprio ritmo, o desenvolvimento é gradual. Com o tempo, novas habilidades são adquiridas a cada dia.
Entre os benefícios do kickboxing, estão o favorecimento da cognição, a liberação de hormônios bons, a melhora da estética corporal e do condicionamento físico, com otimização de força e resistência, a perda de peso, diante do alto gasto calórico, e a influência positiva nas funções cardiorrespiratórias.
O kickboxing trabalha o corpo inteiro, membros inferiores e superiores, a partir dos exercícios específicos de luta, como socos e chutes, além da região do core, com ação no abdômen e a parte posterior, como a paravertebral e a lombar. De outro ponto de vista, a atividade aumenta a autoestima, alivia o estresse, e faz bem para a saúde como um todo.
Faixa-preta
Isaías dos Santos, de 49 anos, é professor de kickboxing desde 2002, depois que conquistou a faixa marrom, graduação na luta que permite dar aulas. Hoje faixa preta, que conquistou em 2008, é também conhecido como mestre Baiano. Inaugurou em dezembro de 2022 uma casa própria para ensinar o esporte, depois de atuar em outras academias em Belo Horizonte. Na Academia Baiano Kickboxing Fight Team, no Bairro Nova Suíça, ele tem 40 alunos em aulas coletivas e mais sete individuais - o mais velho tem 67 anos. Também existe uma aula de taekwondo para crianças. As aulas acontecem todos os dias entre 7h e 21h.
A história de Isaías com o kickboxing é longa. Ele conta que sempre gostou de lutas. Quando saiu da Bahia, aos 20 anos, para morar em BH, primeiro começou a praticar kung fu. Foi seu professor, que também dava aula de kickboxing, quem lhe apresentou a nova modalidade. Por cinco anos, praticou kung fu e kickboxing paralelamente, quando, depois de parar com a primeira atividade, se manteve no kickboxing, paixão até hoje.
No o seguinte, Isaías ou a competir, o que fez durante oito anos, com lutas em BH e outras partes do país. Em 2007, então filiado à Confederação Brasileira de Kickboxing (CBKB), e depois de ingressar em um curso de arbitragem, ou a ser juiz de lutas, dentro e fora do país, o que alavancou a carreira como professor. "Fiquei de certa forma conhecido, abriu mais um espaço para mim no esporte", diz Isaías, que tem títulos mineiros e brasileiros.
O atleta observa que o kickboxing vem ganhando popularidade no mundo. "Pouca gente sabe o que de fato é o esporte, o que significa na prática. Não é voltado só para competições. Quando a pessoa a a conhecer, logo percebe os benefícios. Mas esse está longe de ser um esporte novo", relata, ao salientar que as raízes do kickboxing remontam há mais de 2 mil anos. "A origem nos leva à Ásia, principalmente ao Japão, com a mistura entre o karatê e o boxe. Depois, o chute é agregado, levando à denominação 'kick'. Do Japão, o esporte ganha espaço nos Estados Unidos, e a partir daí expande e conquista o mundo."
Corpo e mente
Atualmente, Isaías diz que não é difícil encontrar no Brasil espaços para treinar. Para ele, o importante é colocar o corpo e a mente para trabalhar - quando se trata de queima calórica, em uma hora de aula são queimadas entre 500 a 800 calorias, o que varia de pessoa para pessoa, conforme a resistência física.
O kickboxing, um exercício de explosão, é também uma técnica de defesa pessoal, e é importante procurar um professor que seja qualificado. "São diferentes tipos de aula. Às vezes, o aluno começa com o objetivo de perder peso, e não tem técnica. Com movimentos que ajudam na consciência corporal, aos poucos vai adquirindo a técnica.”
Como as artes marciais em geral, Isaías cita a disciplina como um dos mais importantes requisitos e, ao mesmo tempo, resultados adquiridos com a prática do kickboxing - conta que nunca parou de treinar. Para ele, o esporte é um aprendizado para a vida. Ensina a nunca duvidar de si mesmo - não há idade para começar.
Em um primeiro momento, considera Isaías, é importante saber também se o aluno tem algum tipo de limitação, alguma lesão antiga ou algo que o impeça de treinar e fazer certos movimentos. "Quando o aluno começa a treinar, o professor deve transmitir confiança. Se considera-se inferior aos outros, temos que dar essa injeção de ânimo, para se sentir confiante e não deixar o desânimo fazer com que abandone as aulas. Se não deu para ir em um dia, vai no outro", diz.
Antes de ingressar nas aulas de kickboxing, Isaías recomenda ter uma avaliação médica, já que se trata de uma atividade física de alto rendimento. "O aluno começa o a o, degrau a degrau. Com o tempo, aparecem os benefícios".
O kickboxing ajuda na promoção da saúde física e mental, reforça Isaías. "O treino nos fortalece física e mentalmente. Melhora o condicionamento físico e a coordenação motora, aumenta a força e a resistência, auxilia na perda de peso, previne doenças do coração, ao mesmo tempo em que reduz o estresse, ajuda na liberação de hormônios ligados ao bem-estar, melhorando ansiedade e depressão, favorece o foco, a concentração e a autoestima".
Além disso, continua, muitas vezes o aluno não vai ali só para bater o saco, dar socos e chutes. "Está precisando de uma conversa, um refúgio, desabafar". Fazer algo de que se gosta, complementa Isaías, faz o dia a dia fluir com mais leveza.
O kickboxing é uma oportunidade de encontrar um refresco em meio a rotinas cada vez mais tumultuadas, continua o professor. Uma forma de ter equilíbrio psicológico e emocional, a superar possíveis problemas na família, ou vício em drogas, exemplifica. "Estender a mão, ser um canal de bênçãos e cuidar dessas pessoas, é gratificante", diz Isaías.
No caminho
Juan Camargos dos Santos é um dos filhos de Isaías. Aos 18 anos, já tem mais de uma década de dedicação ao esporte, uma herança do pai. Desde menino, ainda aos três anos, lembra de ir com Isaías para as aulas de luta. Colocava a luva, batia no saco de pancada. "Achei 'da hora' e continuei", diz Juan, que agora, já graduado com a faixa preta, pela Eli Kickboxing, dá aulas na academia de Isaías - tem três turmas.
Desde os sete anos, Juan participa de competições de kickboxing em eventos em Minas Gerais e outras localidades no Brasil. É hexacampeão mineiro, uma vez campeão brasileiro, tricampeão da Copa Divinópolis e uma vez campeão da Copa São Paulo de Tatame. No início de maio, conquistou o primeiro lugar no Campeonato Paulista de Kickboxing, o que o capacitou para disputar a competição nacional, que será realizada entre 18 e 22 de junho. Desde o início do ano, é filiado à Federação Paulista de Kickboxing, o que lhe permite competir em mais oportunidades.
Para ele, com o esporte, como todos os outros, aprende muito. Adquire disciplina e tem a oportunidade de conhecer pessoas incríveis. "O kickboxing é parte da minha vida, uma paixão. Me tira da zona de conforto, me proporciona momentos maravilhosos, conhecer pessoas novas, fazer amigos. Faz parte do meu crescimento como pessoa, me ensina sobre disciplina e respeito", diz.
Juan conta que também gosta de transmitir o que sabe e receber importantes lições. "O professor tem que saber ensinar bem, mas aprende com os alunos também". Ele fala ainda sobre a inclusão. "O kickboxing pode ser praticado por pessoas sem ou com deficiência, por exemplo. É um esporte democrático, que valoriza quem faz. É muito bom ter recebido tudo isso do meu pai”, relata.
Ele diz que uma das coisas mais sofridas em sua experiência com o kickboxing é a falta de patrocínio. "Mesmo assim, meu sonho é ser campeão mundial", diz o jovem, que pretende ingressar para o curso superior de nutrição.
Origem do Kickboxing
» Refere-se a um grupo de artes marciais e esportes de combate em pé baseados em chutes (em inglês kick) e socos (em inglês boxing).
• É frequentemente praticado como defesa pessoal, condicionamento físico geral ou como um esporte de contato.
• Em um sentido amplo, há várias artes marciais nomeadas como kickboxing, incluindo o muay thai (boxe tailandês), lethwei (boxe birmanês), assim como o savate (boxe francês), entre outros.
• Em um sentido , o termo kickboxing é associado a artes marciais com esse nome, sendo eles o kickboxing japonês, o americano e estilos ou regras spin-off. É muitas vezes confundido com o muay thai (boxe tailandês). Ambos são semelhantes mas com extremas diferenças, não apenas nas regras, mas também na prática.
• O termo "kickboxing" ou "full " foi introduzido na década de 1960 como um anglicismo japonês por Osamu Noguchi, um promotor de boxe do Japão, para uma arte marcial híbrida que combinava muay thai e karatê, que ele tinha introduzido em 1958. O termo foi posteriormente adotado também pela variante americana, que surgiu de forma paralela na década de 1970, criado por Joe Lewis — campeão de karatê e pupilo de Bruce Lee — e outros lutadores de karatê que começaram a misturar com socos de boxe e lutar a contato pleno.
• Em 1970, eles organizaram uma luta em um evento de karatê em que entraram com luvas e foram introduzidos como kickboxers. Logo, organizações de karatê começaram a promover eventos de kickboxing. Como houve muitos cruzamentos entre esses estilos, com muitos praticantes ou competidores sob as regras de um ou mais estilos, as histórias dos estilos individuais não podem ser vistas de forma isolada uma da outra.
• Quando se volta aos Estados Unidos dos anos 1970, estão caratecas tradicionais cansados das competições que não permitiam um contato pleno, e que começaram a adaptar protetores de pé e mão para que os contatos fossem permitidos, só que com pouco risco de lesão. A modalidade competitiva que recebeu o nome de karatê full (karatê de contato total), com o ar dos tempos, fez com que estes mesmos atletas começassem a entender que aquela modalidade era um outro tipo de luta, que não tinha nada a ver com o karatê de competição.
• O nome full traduzia muito mais o espírito deste novo esporte. Dominique Valera, um dos maiores nomes do karatê mundial de todos os tempos, com mais de mil vitórias e vários títulos europeus e mundiais, começou a treinar a modalidade nos Estados Unidos com Bill Wallace e Jeff Smith. No seu retorno à Europa, reestruturou o esporte, chamando-o de kickboxing, isto é: chutar boxeando, tornando-o como é hoje.
Fonte: Wikipedia e Federação de Kickboxing do Estado do Rio de Janeiro
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