Glaucoma: a ameaça que pode roubar a visão de 2,5 milhões de brasileiros
O glaucoma já afeta mais de 76 milhões de pessoas no planeta e deve ultraar 112 milhões até 2040
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Siga noO glaucoma é uma doença progressiva que atinge o nervo óptico sem causar dores ou outros sintomas perceptíveis nas fases iniciais. “É por isso que ganhou o apelido de ‘ladrão silencioso da visão’. Quando o primeiro defeito no campo visual aparece, parte do nervo já está danificada e não se regenera”, explica Clarice Dayrell, especialista em glaucoma.
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De acordo com o Relatório Mundial da Visão da Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma já afeta mais de 76 milhões de pessoas no planeta e deve ultraar 112 milhões até 2040. Embora represente a principal causa de cegueira irreversível do mundo, ele ocupa o segundo lugar entre as causas evitáveis de cegueira: perde apenas para a catarata, cuja correção cirúrgica devolve a visão à grande maioria dos pacientes.
No Brasil, estimativas da Sociedade Brasileira de Glaucoma indicam que até 2,5 milhões de pessoas convivem atualmente com a doença, muitas ainda sem diagnóstico. A OMS calcula que 7,7 milhões de pessoas em todo o mundo já têm perda visual moderada ou grave por glaucoma — número que poderia ser menor com detecção precoce.
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Por que o glaucoma avança sem ser percebido?
Clarice reforça que o dano geralmente está associado ao aumento da pressão interna do olho, mas em casos selecionados pode também ocorrer com pressão ainda sendo considerada “normal”. “Inicialmente a visão periférica que é atingida e como o cérebro pode compensar essas falhas iniciais do campo visual, o paciente só percebe o problema quando a visão central começa a ser comprometida. E essa perda é definitiva. Por isso, nosso maior aliado é o diagnóstico nas fases iniciais da doença.”
Quais testes detectam cedo o glaucoma?
A recomendação de rotina, segundo ela, é:
- A partir dos 40 anos: exame oftalmológico completo anual.
- Grupos de risco (histórico familiar positiva, pessoas negras, diabéticos, míopes ou quem já teve traumas oculares): exame a cada seis meses.
O pacote de rastreamento inclui tonometria (medida da pressão ocular), exame de fundo de olho com avaliação do nervo óptico, campo visual computadorizado e tomografia de coerência óptica (OCT). “São exames indolores, rápidos e disponíveis tanto na rede pública quanto na privada. Quando iniciamos o tratamento — com colírios, lasers ou cirurgia — conseguimos estabilizar a pressão e preservar a visão funcional na grande maioria dos casos”, enfatiza.
A OMS estima que pelo menos 1 bilhão de casos de deficiência visual poderiam ser evitados no mundo com os cuidados adequados. No contexto do glaucoma, isso significa não adiar a consulta anual e conhecer os próprios fatores de risco. “Se você tem mais de 40 anos ou alguém na família tem glaucoma, marque um exame oftalmológico agora. Visão perdida por glaucoma não volta mais; informação e prevenção são o único caminho”, diz Clarice.
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