Fibromialgia: a doença que afastou Lady Gaga dos fãs brasileiros
Em show histórico em Copacabana, cantora pop agradeceu aos fãs por terem esperado seu retorno ao Brasil e por continuarem torcendo por ela
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Siga noNo show histórico nas areias de Copacabana, no Rio de Janeiro, na noite desse sábado (3/5), Lady Gaga se emocionou, em vários momentos, diante do público estimado em mais 2 milhões de pessoas, recorde em toda a sua carreira. A cantora, que cancelou o show no Rock in Rio 2017 devido à fibromialgia, que a levou a ser hospitalizada, agradeceu aos brasileiros por terem esperado tanto tempo e ainda torcerem por ela.
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“Talvez vocês estejam se perguntando por que demorei tanto para voltar. A verdade é que eu estava me curando, me fortalecendo, mas enquanto eu me curava, algo acontecia: vocês continuavam lá, continuavam torcendo por mim, continuavam pedindo para eu voltar quando eu estivesse pronta. Brasil, eu estou pronta!”, disse em discurso que foi traduzido por um intérprete.
Mas o que é fibromialgia?
A fibromialgia é uma condição que afeta cerca de 3% dos brasileiros, especialmente mulheres entre 30 e 50 anos. A doença já foi citada em entrevistas pela cantora. “A fibromialgia é uma doença crônica e sem causa conhecida caracterizada principalmente por uma sensação de dor generalizada no corpo, em que, muitas vezes, o paciente não consegue apontar sua origem. Além disso, também provoca uma maior sensibilidade ao toque e pode ser acompanhada de outros sintomas, como fadiga e alterações no sono, que deixa de ser reparador”, explica Fernando Jorge, ortopedista, especialista em Intervenção em Dor pelo Hospital Albert Einstein e em Medicina Intervencionista em Dor pela Faculdade de Medicina da USP.
A doença também pode prejudicar o convívio social e interferir nos relacionamentos. Isso sem falar da grande incerteza e vulnerabilidade que o paciente com fibromialgia sente, afinal, trata-se de uma doença crônica, cuja causa não é conhecida e sem cura. "Todos esses fatores, somados à incapacitação provocada pela doença, podem favorecer quadros de ansiedade e depressão. Estima-se que cerca de 50% dos pacientes com fibromialgia têm sintomas depressivos. E a grande questão é que a depressão pode piorar a sensibilidade à dor, gerando assim um ciclo vicioso”, alerta o especialista.
Segundo Fernando Jorge, a fibromialgia é desacreditada por muitas pessoas, o que pode prejudicar a saúde psicológica do paciente e até atrasar o diagnóstico. “Na fibromialgia não há qualquer lesão, inflamação ou degeneração dos tecidos. Na verdade, o que acontece é uma amplificação dos impulsos dolorosos. E não existem exames específicos que possam comprovar essa alteração. Além disso, as reações do paciente são muito diferentes de quadros de dor aguda. Muitas vezes, a pessoa consegue se comunicar bem e parece calma. Mas, atualmente, temos uma série de pesquisas, com visualização do cérebro do paciente com fibromialgia, que comprovam que a dor sentida é real”, detalha o especialista.
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Diagnóstico
Devido à descrença da doença, inclusive por alguns profissionais da saúde, o paciente, muitas vezes, precisa ar por diversos médicos antes de receber o diagnóstico adequado. “O diagnóstico da doença é essencialmente clínico, com base nos sintomas e histórico do paciente. O que o médico pode solicitar são exames para excluir a possibilidade de outras doenças com características semelhantes a fibromialgia”, pontua o ortopedista ressaltando que, apesar da fibromialgia não ter cura, a doença pode ser controlada, então o diagnóstico é fundamental para melhorar a qualidade de vida do paciente.
Entre as estratégias no controle da doença, Fernando cita a prática de atividade física como principal. “A prática é, comprovadamente, uma grande aliada na melhora dos sintomas da fibromialgia e, consequentemente, da qualidade de vida de pacientes que sofrem com a doença. Mas a prática deve ser acompanhada pelo profissional especializado”, diz.
Além disso, um profissional especializado poderá recomendar o uso de medicamentos, como antidepressivos e neuromoduladores para atuar sobre os neutrotransmissores envolvidos na regulação da dor. “Mas, mais importante do que as medicações, é o cuidado do paciente com seu estilo de vida. Terapias integrativas, incluindo fisioterapia e terapia cognitiva-comportamental, também podem ser recomendadas”, acrescenta.
sem cura
Fernando Jorge ressalta que a fibromialgia não é uma doença progressiva. “Embora não cause danos estruturais nas articulações, pode causar dores articulares, o que pode dificultar a realização de tarefas diárias. Mas é importante reforçar que não é fatal”, diz. “Além disso, embora não tenha cura, em muitos casos, os sintomas da doença podem retroceder quase totalmente. Mas ainda trata-se de uma doença sem cura, então novos episódios podem ocorrer dependendo de uma série de gatilhos físicos e emocionais.”
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