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COMUM APÓS OS 70 ANOS

Arritmia cardíaca: novo tratamento traz melhores resultados e menor risco

Médico cardiologista que atua entre o Brasil e os EUA, André d’Ávila, explica a vantagem do procedimento e defende sua inclusão no SUS e nos planos de saúde

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Uma novidade desenvolvida nos últimos cinco anos tem proporcionado melhores resultados e redução do risco de complicações na chamada ablação da fibrilação atrial, procedimento realizado no tratamento de um tipo muito comum de arritmia cardíaca chamada fibrilação atrial (FA). O problema atinge cerca de 10% dos pacientes com mais de 70 anos, tanto em homens como em mulheres, com importante diminuição da qualidade de vida dos pacientes, ao provocar cansaço e palpitação. A doença é o principal motivo pelo qual pacientes com arritmia procuram as unidades de pronto atendimento e os consultórios médicos.

“Com a técnica inovadora, ao invés de congelar ou cauterizar os focos da arritmia, eles são destruídos com uma nova forma de energia elétrica chamada campo pulsado. As células do coração que causavam a arritmia são eliminadas com um choque elétrico de alta energia (2000 volts) aplicado durante alguns milissegundos. Dessa maneira, a arritmia pode ser tratada sem o risco de estreitamento das veias, de lesão do esôfago e dos nervos da respiração”, explica o médico cardiologista André d’Ávila, que divide sua atuação entre o Brasil e os Estados Unidos, como Chefe do Serviço de Arritmia e Marcao do Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis (SC), e como Diretor de Pesquisa do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston.
 

As vantagens dessa nova forma de energia foram assimiladas primeiro na Europa. Nos Estados Unidos é aplicada desde o início de 2024 e, no Brasil, desde a segunda metade de 2024. Apesar de ter apenas 3% da população brasileira, 10% das ablações de FA feitas no Brasil foram realizadas em Santa Catarina. "Nosso grupo médico acaba de publicar nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia uma experiência com os primeiros 1.043 procedimentos utilizando a nova técnica. Os resultados foram idênticos e em alguns casos até melhores do que aqueles publicados por grupos de outros países. O procedimento de ablação ficou, portanto, mais rápido, mais eficiente e muito mais seguro. O que nos falta, agora, é garantir o de um maior número de pessoas a essa nova tecnologia de ablação. Experiência temos de sobra”, garantiu André d’Ávila, que também atende pela Clínica Ritmo, dentro do Hospital SOS Cárdio, na capital catarinense.

AVANÇO E MAIS SEGURANÇA

Esse procedimento significa um importante avanço no tratamento realizado nas últimas quatro décadas e que já se mostrava mais eficiente do que as medicações disponíveis, lembra André d’Ávila. “Até agora, o cateterismo cardíaco, chamado de ablação por cateter, mapeava os focos da fibrilação atrial e cauterizava ou congelava os locais do coração onde esses focos estavam localizados, geralmente próximos às veias que drenam o sangue do pulmão para o coração. Nestes casos, existe um risco pequeno, mas real, de que essas aplicações causem estreitamento das veias do pulmão, podendo machucar os nervos que controlam a respiração ou até mesmo o esôfago, quando ele está localizado próximo às veias”, descreve o cardiologista.

PLANOS DE SAÚDE e SUS

Uma vez que a nova tecnologia seja aprovada pelos órgãos regulatórios, as fontes pagadoras (convênios médicos) am a ser obrigadas a incluí-la como uma opção para os pacientes. O alerta dos médicos, a exemplo de André d’Ávila, não é o processo de avaliação e aprovação do procedimento, totalmente necessário, mas o tempo que leva. Enquanto isso, deixa de ser oferecido o que há de melhor para os pacientes, inclusive aqueles que utilizam o SUS.

“Nesse caso específico, a estratégia e a celeridade da aprovação da ablação por campo pulsado precisa ser revista. Afinal de contas, quem deverá ser responsabilizado por uma complicação que poderia ser evitada pelo uso do campo pulsado? O médico, o hospital, o órgão regulador que leva muito tempo para completar a avaliação ou a fonte pagadora que optou por esperar todo o processo burocrático ser completado?”, questiona o cardiologista.

André d’Ávila ressalva que as fontes pagadoras não estão agindo de maneira ilegal ao optarem pela espera. Contudo, avalia que é um contrassenso não utilizar algo já testado e aprovado no mundo inteiro, onde mais de 250 mil casos foram realizados. "Algumas já entenderam a importância da incorporação dessa nova tecnologia e estão autorizando seu uso. A maioria, entretanto, prefere aguardar”, constatou.

Com uma população de 230 milhões de habitantes, o Brasil teve apenas 6 mil procedimentos de ablação de fibrilação atrial no ano ado. Nos Estados Unidos, com uma população de 350 milhões de habitantes, foram realizados cerca de 500 mil procedimentos. "No hospital de Boston, onde trabalho, já foram realizados 700 casos apenas nos últimos 8 meses. Para piorar, a maioria das ablações de FA no Brasil são realizadas em hospitais que não estão vinculados ao SUS. Se houvesse algum tipo de proporcionalidade, o Brasil deveria ter realizado cerca de 200 mil ablações de FA no ano ado. Temos um problema não só de o ao tratamento, mas de uma demora muito grande em disponibilizá-lo à população”, lamentou André d’Ávila..

FIBRILAÇÃO ATRIAL: SINTOMAS E RISCOS

A fibrilação atrial é uma arritmia na qual a pessoa sente o coração batendo rápido e fora do ritmo, o que causa uma sensação de insegurança e mal-estar muito grande. Mas esses sintomas são apenas o início do problema. A simples presença de fibrilação atrial, mesmo quando assintomática ou com poucos sintomas, aumenta em seis vezes o risco de derrame cerebral que, quando ocorre, é sempre mais grave do que em pacientes sem arritmia. Além disso, a FA aumenta o risco de insuficiência cardíaca, porque pode causar um aumento do tamanho do coração e, a longo prazo, o risco de demência. O tratamento adequado diminui ou elimina esses riscos. Os anticoagulantes são muito eficientes em reduzir o risco de derrame, mas as drogas antiarrítmicas, infelizmente, são menos eficazes e causam vários efeitos colaterais. Por isso, apenas cerca de 30% dos pacientes conseguem tolerar e se beneficiar do uso desses remédios por muito tempo. 


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