Editorial

É preciso respeitar a diversidade da fé

Está claro que o Brasil, conhecido pela sua diversidade racial, consolida igualmente uma diversidade religiosa.

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O retrato da religiosidade no Brasil divulgado na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela mudanças importantes na sociedade brasileira, além de provocar reflexões sobre políticas públicas e princípios civilizatórios.


Chama a atenção, em primeiro lugar, o declínio do número de brasileiros que se declaram católicos. Ao recuar de 65,1% para 56,7% entre 2010 e 2022, o catolicismo enfrenta uma evasão constante de fiéis, de forma mais acentuada a partir dos anos 1970.


Em movimento oposto, observa-se um aumento consistente dos evangélicos. Em 2022, um em cada quatro brasileiros se diziam adeptos dessas denominações, que ganharam fôlego particularmente nas vertentes pentecostais e neopentecostais.


O IBGE registra, ainda, o crescimento de fiéis das religiões de matriz afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda. No intervalo de 12 anos, o percentual saltou de 0,3% para 1% da população brasileira, o que denota uma alta proporcional expressiva. Acrescente-se também o aumento de cidadãos sem qualquer religião. Essa parcela da população cresceu de 7,9% para 9,3%. Em números redondos, significa dizer que cerca de 20 milhões de brasileiros não se identificam com nenhuma instituição religiosa. Trata-se do terceiro maior contingente populacional no contexto de religiosidade, conforme o levantamento do IBGE. Por fim, nota-se uma redução dos devotos do espiritismo, com queda de 2,2% para 1,8% dos brasileiros.


Tudo somado, está claro que o Brasil, conhecido pela sua diversidade racial, consolida igualmente uma diversidade religiosa. Trata-se de um marco relevante, considerando que as religiões, historicamente, motivaram e ainda motivam conflitos graves em diversos países. Na realidade nacional, é importante que o convívio entre diferentes credos ocorra dentro do princípio da tolerância. Nesse sentido, convém lembrar que a liberdade de consciência e de crença, bem como a proteção aos locais de culto, estão asseguradas pelo artigo 5º da Constituição Federal. Não há razão, portanto, para o brasileiro esconder a fé que professa. Ou até mesmo a ausência de inclinação religiosa.


Dito isso, preocupa observar que a intolerância religiosa ainda está presente no cotidiano brasileiro. O serviço Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, registrou, em 2024, 3.853 violações causadas por preconceito religioso. A discriminação atingiu principalmente as denominações de matriz africana, segundo os dados do governo federal. Em um país onde a maior parte da população é negra, trata-se de profundo paradoxo.


Os dados divulgados pelo IBGE dão oportunidade para instituições religiosas encontrarem os meios de melhorar a interação com os fiéis e eventualmente aumentar a quantidade de adeptos. Os números podem sinalizar o sucesso de algumas iniciativas, ou sugerir correções de rumo. Em relação ao poder público, o levantamento evidencia a necessidade de manter uma convivência pacífica entre os diferentes credos e de combater a discriminação. Por fim, à sociedade brasileira, o atual retrato recomenda uma postura madura, que respeite a espiritualidade de cada um.

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