BH: moradores denunciam acúmulo de lixo e aumento de furtos em bairro nobre
Arredores da Praça João Pessoa foram tomados por sujeira deixados por catadores de material reciclável. Abaixo-assinado com denúncia chega a 2,5 mil s
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Siga noCalçadas tomadas pelo lixo e sucatas, praça e canteiros centrais ocupados por carroças de materiais recicláveis e móveis descartados. Este é o cenário que envolve a Praça João Pessoa, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Não bastasse todo o transtorno causado pelo acúmulo de lixo nos arredores, que trazem consigo mau cheiro e animais peçonhentos, moradores e comerciantes denunciam uma crescente no número de assaltos e furtos na região. Sem uma resposta das autoridades, os denunciantes iniciaram um abaixo-assinado, que conta com mais de 2,5 mil s, para tentar dar luz ao problema.
A Praça João Pessoa fica no cruzamento das avenidas Brasil, Carandaí, Bernardo Monteiro e Pasteur. A proprietária de uma clínica próxima dali, que preferiu não se identificar por medo de sofrer represálias, disse ao Estado de Minas que o acúmulo de lixo nos arredores cresce paulatinamente há cinco anos, pouco antes da pandemia.
O que antes representava desconforto se transformou em insegurança, pois usuários costumam utilizar drogas nas ruas próximas em plena luz do dia. “É praticamente uma cracolândia aquilo ali”, desabafa a comerciante.
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Outra situação que traz insegurança aos funcionários e clientes dos comércios da região são de pessoas que ameaçam arranhar os carros caso não sejam pagas para “tomar conta”. Além disso, há o receio de furtos e assaltos, que acontecem diariamente segundo a comerciante, que está no mesmo ponto há 27 anos e diz nunca ter sentido tanto medo de andar nas ruas da região.
“Minhas funcionárias iam na Praça João Pessoa para sentar no horário de almoço, descansar, respirar, tomar um pouco de sol. Hoje não tem condição mais. Elas comem no estabelecimento por medo de ficarem ali”, relata.
Denúncias
O acúmulo de lixo na região se dá por ali ter sido instalado uma espécie de centro de recebimento de materiais recicláveis. A situação é de ciência da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que, por meio da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), faz a coleta do material duas vezes por semana e o encaminha para uma cooperativa de catadores.
A reclamação dos moradores e comerciantes é de que a coleta dos recicláveis e a limpeza rotineira das vias não são suficientes para o volume de lixo e sujeira acumulados todos os dias nas calçadas e ruas. Tal situação dificulta o trânsito de pedestres e afasta boa parte dos clientes, pois a região concentra clínicas e empresas voltadas para o setor de saúde, e que têm dentro do seu público pessoas imunossuprimidas, que devem evitar ambientes insalubres. Há relatos, inclusive, do aparecimento de escorpiões, ocasionado pelo acúmulo do lixo.
Alexandre de Araújo Melo mora no bairro e conta que a vizinhança tem tentado há anos uma solução para o problema junto à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). “Nós tivemos comércios que fecharam, que demitiram funcionários. Tivemos casos de queda da circulação das pessoas, de clientes”, relata.
Conforme conta o morador, o abaixo-assinado foi feito para tentar mobilizar o MPMG a se posicionar sobre a denúncia, já que, além dos transtornos aos moradores, o Código de Posturas municipal e a lei de tratamento de resíduos sólidos estariam sendo desrespeitados. “A gente não é contra a reciclagem, mas tem que ser feita com decência, dentro da lei, com regras. Não pode ser feita na porta das pessoas, na calçada”, explica.
Resolução
A Prefeitura de Belo Horizonte informou, em nota, que realiza a varrição rotineira na região três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas-feiras, além de três varrições extras todos os dias. “A lavação é feita quatro vezes por semana. Por semana, são gastos 50 quilos de sabão e 50 litros de desinfetante na lavação. Aos domingos também é feita uma limpeza no local. A coleta de resíduos domiciliares é diária, de segunda a sábado”, detalha.
Também segundo o executivo municipal, os catadores que estão em situação de rua são acompanhados pelo Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS), por onde têm o a direitos como regularização de documentos, o a benefícios sociais pelo Cadastro Únicos e ofertas para inserção no Programa Bolsa Moradia.
Em relação à promoção de um local adequado para os materiais recicláveis, a PBH informa que há uma “perspectiva avançada” para a cessão de um lote para a construção de um Centro de Triagem para os catadores. O projeto foi desenvolvido por um grupo de extensão da Escola de Arquitetura da Puc Minas, em parceria com a Coopesol e o Coletivo Maladezas.
“A execução do projeto será realizada por meio de emenda parlamentar de transferência especial. Durante os últimos meses, o projeto precisou ar por adequações orientadas pela Secretaria Municipal de Política Urbana, de forma a atender a legislação municipal”, finaliza a nota.
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A reportagem entrou em contato com o Ministério Público de Minas Gerais para saber o andamento da denúncia e aguarda retorno. O espaço segue aberto.