Nas últimas décadas, o avanço dos dispositivos eletrônicos transformou a rotina de milhões de pessoas, especialmente entre crianças e adolescentes. O uso frequente de telas, como celulares, tablets e computadores, tornou-se parte do cotidiano, inclusive nos momentos que antecedem o sono. Diversos estudos têm apontado uma relação entre o tempo de exposição a esses aparelhos e a qualidade do sono, levantando preocupações sobre possíveis impactos na saúde física e mental.
Especialistas em saúde do sono vêm alertando para os riscos associados ao uso excessivo de telas, principalmente antes de dormir. Entre os principais problemas observados estão a redução das horas de sono, maior dificuldade para adormecer e a piora na qualidade do descanso. Esses efeitos podem ser ainda mais intensos em crianças e adolescentes, grupos considerados mais vulneráveis devido ao estágio de desenvolvimento em que se encontram.
Como o uso de telas afeta o sono?
A exposição a dispositivos eletrônicos pode interferir no sono de diferentes maneiras. Uma das explicações mais comuns envolve a luz azul emitida pelas telas, que pode inibir a produção de melatonina, hormônio responsável por regular o ciclo do sono. Além disso, o conteúdo consumido, como jogos eletrônicos ou vídeos estimulantes, pode aumentar o estado de alerta, dificultando o relaxamento necessário para dormir.
Outro fator relevante é o tempo dedicado às telas, que muitas vezes reduz o período reservado ao sono. Quando crianças e adolescentes permanecem conectados até tarde, acabam dormindo menos do que o recomendado para sua faixa etária. Esse padrão pode resultar em sonolência diurna, queda no rendimento escolar e alterações no humor.

Quais são as consequências do sono de má qualidade?
O sono insuficiente ou de baixa qualidade pode trazer uma série de consequências para a saúde. Entre os efeitos mais observados estão o ganho de peso, comprometimento do sistema imunológico, aumento dos sintomas de ansiedade e depressão, além de prejuízos no desempenho acadêmico e cognitivo. Crianças e adolescentes que não dormem o suficiente podem apresentar dificuldades de concentração, irritabilidade e menor capacidade de aprendizado.
- Alterações no metabolismo: o sono inadequado pode favorecer o acúmulo de peso corporal.
- Redução da imunidade: dormir pouco compromete as defesas do organismo.
- Problemas emocionais: a privação do sono está associada ao aumento de sintomas de ansiedade e depressão.
- Desempenho escolar: crianças e adolescentes cansados tendem a apresentar queda no rendimento escolar.
Quais estratégias podem ajudar a melhorar a qualidade do sono?
Para minimizar os impactos negativos do uso de telas, especialistas recomendam a adoção de algumas práticas comportamentais. Entre as principais orientações estão o estabelecimento de limites para o uso de dispositivos eletrônicos, especialmente nas horas que antecedem o sono, e a criação de rotinas noturnas tranquilas. Conversar com crianças e adolescentes sobre o uso responsável da tecnologia e monitorar o conteúdo ado também são medidas importantes.
- Definir horários para desligar celulares, tablets e computadores antes de dormir.
- Evitar o uso de dispositivos eletrônicos no quarto, deixando-os para carregar em outro ambiente.
- Promover atividades relaxantes no período noturno, como leitura ou ouvir música suave.
- Manter o ambiente do quarto escuro, silencioso e confortável.
- Incentivar a prática de exercícios físicos e a exposição à luz natural durante o dia.
O que dizem as recomendações atuais sobre telas e sono?
Em 2024, um de especialistas da National Sleep Foundation publicou recomendações baseadas em evidências para diferentes faixas etárias. O consenso destaca que o uso de telas e o tipo de conteúdo consumido antes de dormir prejudicam a saúde do sono, especialmente entre crianças e adolescentes. Estratégias comportamentais, como limitar o o a dispositivos eletrônicos e promover rotinas saudáveis, podem ajudar a mitigar esses efeitos adversos.
Além disso, políticas públicas, como o início mais tardio das aulas para estudantes do ensino fundamental e médio, vêm sendo discutidas como forma de favorecer melhores hábitos de sono. O monitoramento parental e a orientação sobre etiqueta digital também são considerados recursos valiosos para promover o uso equilibrado da tecnologia.
Com a popularização dos dispositivos eletrônicos, o desafio de equilibrar o uso das telas e a qualidade do sono tornou-se uma questão central para famílias, educadores e profissionais de saúde. A adoção de hábitos saudáveis e o acompanhamento atento das rotinas digitais podem contribuir para um sono mais reparador e para o bem-estar geral de crianças, adolescentes e adultos.