A China, reconhecida como a maior emissora de carbono do mundo, tem sido frequentemente citada em debates internacionais sobre mudanças climáticas. No entanto, nos últimos anos, o país tem buscado transformar sua imagem por meio de investimentos robustos em fontes de energia limpa. Em 2024, a capacidade de produção de energia solar instalada pela China chamou atenção ao superar, sozinha, toda a soma das instalações disponíveis na União Europeia. Esse movimento levanta questões sobre a real intenção do país e os impactos dessa transição energética em sua reputação global.
O esforço chinês para ampliar sua matriz energética renovável ocorre em um contexto de crescente pressão internacional por compromissos ambientais mais sólidos. A busca por fontes alternativas, como a energia solar, não apenas contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas também posiciona a China como líder em tecnologia e inovação no setor de energias renováveis. De acordo com relatório elaborado por Lauri Myllyvirta, do Centro de Pesquisa sobre Energia e Ar Limpo, para o portal de informações sobre o clima Carbon Brief, as emissões totais de dióxido de carbono pela China, no primeiro trimestre de 2025, caíram 1,6% em relação ao mesmo período do ano ado. Esse cenário provoca discussões sobre o papel do país na luta contra o aquecimento global e sua responsabilidade diante da comunidade internacional.
Como a China alcançou tamanha expansão em energia solar em 2024?
O avanço chinês no setor solar em 2024 é resultado de uma combinação de políticas públicas, incentivos financeiros e investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O governo chinês estabeleceu metas ambiciosas para a transição energética, promovendo subsídios para a instalação de painéis solares e facilitando o o a linhas de crédito para empresas do setor. Além disso, a indústria nacional de fabricação de equipamentos fotovoltaicos tornou-se referência mundial, permitindo a produção em larga escala e a redução dos custos de implantação.
Outro fator relevante é a mobilização de grandes empresas estatais e privadas, que aram a investir em projetos de energia limpa em diferentes regiões do país. A descentralização das instalações solares, com projetos tanto em áreas urbanas quanto rurais, ampliou o alcance da energia renovável e contribuiu para a diversificação da matriz energética chinesa. Essa estratégia permitiu que, apenas em 2024, a China adicionasse ao seu sistema elétrico uma capacidade solar equivalente à de toda a União Europeia.

Quais são os principais impactos ambientais dessa liderança chinesa em energia solar?
A expansão da energia solar na China traz benefícios ambientais significativos, especialmente no que diz respeito à redução das emissões de dióxido de carbono. Ao substituir fontes fósseis, como carvão e petróleo, por alternativas renováveis, o país contribui para a diminuição da poluição atmosférica e para a mitigação das mudanças climáticas. O relatório de Lauri Myllyvirta evidencia que os esforços recentes já renderam frutos concretos, visto que houve uma queda real nas emissões no início de 2025. Além disso, a adoção em larga escala de painéis solares estimula o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e sustentáveis.
No entanto, é importante considerar também os desafios ambientais associados à produção e ao descarte de equipamentos fotovoltaicos. O ciclo de vida dos painéis solares envolve o uso de materiais que podem gerar resíduos tóxicos se não forem devidamente tratados. Por isso, a gestão sustentável desses resíduos e a busca por processos produtivos menos impactantes tornam-se pontos de atenção para garantir que os ganhos ambientais sejam efetivos a longo prazo.
O investimento em energia solar pode compensar as emissões de carbono da China?
Apesar do crescimento expressivo da energia solar, a China ainda depende fortemente de fontes fósseis para suprir sua demanda energética. O carvão, por exemplo, permanece como uma das principais fontes de eletricidade no país. Dessa forma, embora a expansão das energias renováveis represente um avanço, ela ainda não é suficiente para neutralizar completamente as emissões de carbono chinesas.
Especialistas apontam que a transição energética exige uma abordagem integrada, envolvendo não apenas a ampliação da capacidade instalada de energia limpa, mas também a modernização da infraestrutura elétrica, o aumento da eficiência energética e a implementação de políticas de redução do consumo de combustíveis fósseis. A continuidade dos investimentos em energia solar, aliada a essas outras medidas, pode contribuir de forma mais efetiva para a redução das emissões totais do país.
Quais desafios a China enfrenta para manter o ritmo de crescimento das energias renováveis?
A manutenção do ritmo acelerado de expansão das energias renováveis na China depende de diversos fatores. Entre os principais desafios estão a necessidade de atualização da rede elétrica para integrar grandes volumes de energia intermitente, como a solar, e a criação de sistemas de armazenamento eficientes. A intermitência da geração solar, que depende da disponibilidade de luz, exige soluções tecnológicas para garantir o fornecimento estável de eletricidade.
Além disso, questões relacionadas ao uso do solo, impactos ambientais locais e aceitação social de grandes projetos de infraestrutura também precisam ser consideradas. O desenvolvimento de políticas regulatórias claras e a promoção de parcerias público-privadas são estratégias que podem ajudar a superar esses obstáculos e garantir a continuidade do crescimento sustentável do setor.
Como a liderança chinesa em energia solar influencia o cenário global?
O protagonismo da China no setor de energia solar tem reflexos diretos no mercado internacional e nas políticas ambientais de outros países. Ao investir em tecnologia e ampliar sua capacidade produtiva, o país contribui para a redução dos custos globais dos equipamentos fotovoltaicos, tornando a energia solar mais ível em diferentes regiões do mundo. Esse movimento estimula a adoção de fontes renováveis em nações em desenvolvimento e fortalece a cooperação internacional em temas ambientais.
Além disso, a atuação chinesa pode servir de referência para outros grandes emissores de carbono, incentivando a adoção de metas mais ambiciosas de redução de emissões e o desenvolvimento de soluções inovadoras para a transição energética. O cenário atual demonstra que, mesmo sendo o maior emissor de carbono, a China está em processo de transformação, buscando equilibrar crescimento econômico, segurança energética e responsabilidade ambiental. O recente relatório de Lauri Myllyvirta para o Carbon Brief reforça que essa trajetória, embora ainda desafiadora, começa a apresentar resultados concretos na redução das emissões.