Você já ouviu que o açúcar é “mais viciante que cocaína”? Essa afirmação circula frequentemente nas redes sociais, mas não é respaldada pela ciência. A criadora de conteúdo Helena Jucá (@helenajpsi), que fala sobre saúde mental de forma leve, abordou o tema com clareza e responsabilidade.
Segundo ela, não existe comprovação científica de que o açúcar cause dependência química em humanos, como ocorre com drogas. O que existe, sim, é uma relação emocional com alimentos doces que pode levar à compulsão alimentar — e esse é o ponto real a ser olhado.
Açúcar causa dependência química real no cérebro?
Não. Revisões científicas mostram que, embora o açúcar possa ativar áreas de recompensa no cérebro, não há evidências de que ele provoque dependência química em seres humanos como acontece com substâncias psicoativas. A analogia com drogas é exagerada e muitas vezes usada para gerar medo ou culpa.
Estudos em roedores demonstraram comportamentos semelhantes à abstinência quando submetidos a ciclos de açúcar e jejum, mas esses resultados não se confirmaram em humanos. O comportamento compulsivo ao redor do açúcar está mais ligado a fatores emocionais e contextuais do que ao poder aditivo da substância em si.
Por que sentimos vontade de comer doce mesmo sem fome?
Alimentos ricos em açúcar, gordura e sal são altamente palatáveis. Eles ativam o sistema de recompensa cerebral, especialmente em momentos de estresse, tristeza ou ansiedade. Isso pode criar uma associação entre emoção e consumo, levando ao que chamamos de fome emocional.

Helena Jucá destaca que, muitas vezes, usamos o doce como compensação emocional — não por dependência fisiológica, mas por condicionamento psicológico. É esse padrão de comportamento que precisa ser acolhido e compreendido, e não combatido com culpa ou rigidez.
Existe diferença entre compulsão alimentar e vício?
Sim. Compulsão alimentar é um transtorno reconhecido pela medicina, caracterizado por episódios recorrentes de ingestão descontrolada de alimentos, geralmente seguidos de culpa. Já o vício, no sentido químico, envolve tolerância, abstinência e alteração neuroquímica sustentada, como em casos de dependência de álcool ou drogas.
No caso do açúcar, a maioria dos episódios considerados compulsivos tem origem emocional e cultural. O que precisa ser tratado é o comportamento em torno da comida, não o açúcar isoladamente como “vilão”.
Como melhorar a relação com alimentos doces?
O caminho a por autoconhecimento e alimentação consciente. Em vez de cortar o açúcar de forma radical, o ideal é entender o contexto em que ele está sendo consumido. Está associado ao tédio? À tristeza? À recompensa? Identificar isso é o primeiro o para mudar o padrão.
Helena propõe um olhar sem culpa e mais gentil para esses momentos. Não é sobre cortar tudo, mas sobre encontrar alternativas mais equilibradas e fortalecer o vínculo com o próprio corpo e emoções.
O que dizem os especialistas e estudos científicos?
Pesquisas da Universidade da Pensilvânia e da Princeton University reforçam que não há consenso científico de que o açúcar cause vício em humanos. O comportamento compulsivo é mais influenciado por fatores psicológicos e ambientais.
Instituições como o National Center for Biotechnology Information (NCBI) destacam que o açúcar deve ser reduzido por questões metabólicas e inflamatórias — e não por vício. O foco deve estar no equilíbrio alimentar, não no terrorismo nutricional.
Fontes confiáveis:
National Center for Biotechnology Information (NCBI) – https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5174153
Penn State University – https://www.psu.edu/news/research/story/probing-question-sugar-addictive
ScienceDaily – https://www.sciencedaily.com/releases/2014/09/140909093617.htm
Organização Mundial da Saúde (OMS) – https://www.who.int
Fiocruz – https://portal.fiocruz.br
Açúcar não é o vilão, e você não é o problema
A mensagem de Helena Jucá é clara: não existe vício em açúcar nos moldes de uma dependência química, mas sim uma relação emocional que pode ser transformada com acolhimento, não com culpa. O problema não é o alimento em si, e sim a forma como nos relacionamos com ele.
Buscar ajuda profissional, entender as emoções por trás do consumo e praticar o autocuidado são os mais efetivos que tentar excluir o doce à força. Comer deve ser uma experiência de equilíbrio, prazer e escuta interna — não uma batalha.