Cannes: Brasil 'cruza os dedos' para levar hoje a Palma de Ouro
Festival acaba neste sábado (24/5) e o filme 'O agente secreto', com Wagner Moura, está na briga pelo prêmio principal com outros 21 candidatos
compartilhe
Siga no
Tapete vermelho, política, música e, claro, cinema: a 78ª edição do Festival de Cannes, que termina neste sábado (24/5), mostrou mais uma vez que a Croisette é palco de encontros improváveis e momentos históricos.
O Brasil foi homenageado como país de honra no Marché du Film, o maior mercado audiovisual do mundo; Gilberto Gil contracenou com Camila Pitanga no curta “Samba infinito”, lá exibido; o Iraque participou pela primeira vez do festival com o filme “The president’s cake” (fora de competição); Bono Vox se tornou protagonista de uma das sessões mais disputadas, graças ao documentário sobre sua trajetória, “História de Surrender”, dirigido por Andrew Dominik.
Leia Mais
Teve até frevo na avenida mais famosa da Riviera sa. Wagner Moura e integrantes da comitiva do Ministério da Cultura celebraram a estreia de “O agente secreto” dançando o ritmo pernambucano no tapete vermelho.
Dirigido por Kleber Mendonça Filho e protagonizado por Moura, o thriller político é a principal aposta brasileira no festival. O longa disputa a Palma de Ouro com outras 21 produções e recebeu 13 minutos de aplausos após a exibição, no domingo ado (18/5).
Kleber Mendonça Filho volta a Cannes após conquistar o Prêmio do Júri com “Bacurau” (2019) e participar da Seleção Oficial em 2023 com o documentário “Retratos fantasmas”.
Em seu novo trabalho, ele narra a história de um professor universitário (papel de Wagner Moura) que, durante a ditadura militar, retorna a Recife sob identidade falsa, buscando se esconder e sobreviver.
A edição de Cannes deste ano representou um contraponto sutil à anterior. Ambas valorizaram a diversidade, mas sob perspectivas distintas.
Em 2024, com Greta Gerwig (“Barbie” e “Adoráveis mulheres”) na presidência do júri, o foco foi a representatividade de gênero, com presença marcante de cineastas mulheres e discussões sobre a igualdade na indústria.
Adriana Paz, Zoe Saldaña, Selena Gomez e Karla Sofía Gascón dividiram o prêmio de Melhor Atriz por “Emilia Pérez”, filme que, à época, ainda não havia caído em desgraça após a revelação de polêmica sobre racismo envolvendo a protagonista Gascón.
Diversidade geopolítica
Neste ano, com Juliette Binoche na presidência do júri, a diversidade assumiu caráter geopolítico e cultural. Isso já era percebido na própria composição do corpo de jurados: Halle Berry (EUA), Payal Kapadia (Índia), Alba Rohrwacher (Itália), Leïla Slimani (França/Marrocos), Dieudo Hamadi (Congo), Hong Sangsoo (Coreia do Sul), Carlos Reygadas (México) e Jeremy Strong (EUA).
Além disso, a seleção oficial contou com filmes de países como Egito, Ucrânia, China, África do Sul e Irã. E, pela primeira vez, o Brasil foi escolhido como país de honra no Marché du Film – o maior mercado audiovisual do mundo, que ocorre paralelamente ao Festival de Cannes.
A homenagem marcou os 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e França e incluiu programação extensa, com exibições de filmes em desenvolvimento, encontros de networking e lançamento de novas iniciativas de coprodução internacional.
Mulheres
Apesar do esforço por uma mostra global e plural, o filme de abertura foi francês: “Partir un jour”, estreia de Amélie Bonnin em longas-metragens.
A escolha, no entanto, não deixou de ser simbólica. Foi a primeira vez que um filme de estreia dirigido por uma mulher abriu o festival.
Na trama, Cécile, chef grávida prestes a inaugurar seu restaurante em Paris, retorna à cidade natal após o infarto do pai, reencontrando um antigo amor e memórias adormecidas.
A leveza da abertura contrastou com os discursos políticos do primeiro dia do evento. Juliette Binoche homenageou vítimas das guerras na Ucrânia e em Gaza. Robert De Niro – agraciado com a Palma de Ouro Honorária, assim como Denzel Washington – criticou o presidente dos EUA, Donald Trump.
“Estamos lutando arduamente para defender a democracia que sempre tomamos como garantida”, disse, acrescentando que artistas representam “ameaça para autocratas e fascistas”.
Causou polêmica a adoção do novo código de vestimenta, que vetou “nudismo” e “trajes volumosos” nas sessões de gala. Segundo a organização, a medida foi tomada para garantir o decoro e melhorar a logística nos os ao teatro. Não se viu ninguém nu, mas vestidos com caudas consideráveis aram pelo tapete vermelho.
Confira os looks do tapete vermelho de Cannes:
O curta “Imago”, do filipino Raymund Ribay Gutierrez, ganhou na sexta-feira (23/5) o prêmio Olho de Ouro de Melhor Documentário no Festival de Cannes.
O júri concedeu prêmio especial a “The six billion dollar man”, dedicado ao fundador do Wikileaks, Julian Assange, filme dirigido por Eugene Jarecki. Assange foi a Cannes. Usava camisa estampada com nomes de crianças palestinas mortas na guerra com Israel.
No universo pet, a border collie Panda, do filme “The love that remains”, de Hlynur Pálmason, recebeu a Palm Dog, enquanto o prêmio do júri para Melhor Ator Canino foi concedido a dois cães da produção espanhola “Sirat”, de Oliver Laxe.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia