
Fabiano Moraes
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06/06/2025 12:01
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Nos stories, ele é alegria. Nos comentários, é idolatria. No palco, aplausos. Mas, quando a tela se apaga, sobra o silêncio de quem, mesmo rodeado de milhões, sente a falta de um olhar que o veja além do conteúdo. Aos 19 anos, Odoguiinha — nome artístico de Dougllas Fernanddo — se tornou uma das vozes mais influentes da nova geração. Mas sua fama carrega um peso invisível: o da solidão afetiva que cresce à sombra da popularidade.
“Me querem no vídeo, mas não na vida”, desabafa. Com mais de 1,4 milhão de seguidores, ele se tornou referência em carisma, representatividade e autenticidade. Mas quando se trata de amor, afeto e relações reais, diz sentir-se constantemente preterido. “As pessoas me enxergam como personagem, não como alguém que sente. Só sirvo pra entreter”, afirma.
Essa sensação, que ele batizou de “descartabilidade emocional”, resume uma experiência comum entre criadores digitais: ser consumido, mas não acolhido. Celebrado por sua arte, mas ignorado em sua humanidade. “A internet me abraça quando sou meme, mas vira o rosto quando falo de afeto. Isso cansa”, confessa.
Odoguiinha já viveu na pele o peso do preconceito. Em fevereiro, foi vítima de um episódio de gordofobia em uma academia. As palavras machucaram, mas a exclusão foi ainda pior. “Aquilo foi mais que uma ofensa. Foi um recado: você não pertence aqui. E isso dói demais.”
Mesmo assim, ele segue. Reergue-se, se reinventa e transforma sua dor em discurso. Usa a própria visibilidade para dar voz a quem, como ele, sente-se à margem dos afetos. “Não é só sobre mim. É sobre todos que são vistos como entretenimento, mas esquecidos como pessoas. Eu quero mudar isso.”
E conclui com o que talvez seja sua fala mais sincera: “Eu não quero só views. Quero ser visto de verdade.”
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